Uma chama de toda a vida

     Mudar o Brasil de uma vez e pra valer não é uma tarefa fácil. Muitos dizem, até mesmo, que é impossível. Não é o que sempre disse Suzana, "Mudar o país não é impossível, pelo menos não se eu não tentar" dizia sempre a si mesma, essa mulher paulistana que cresceu vendo as notícias de corrupções políticas, de agavamento da fome, do desmatamento e do analfabetismo, além da conformação com tudo isso pela população brasileira de sua infância nos anos de 2005.
     Em janeiro de 2045, depois de tanto esforço e persistência, Suzana conseguiu ser eleita a presidente e esperou ansiosa pelo momento da sua posse. Sentada no banco em que aguardava ser chamada, Suzana repassava em sua mente as imagens e os pensamentos de seus planos para o seu país. Lembrou do problema da fome que era tão pavoroso e sempre se preocupou, prometendo a si mesma que distribuira a alimentação básica de forma igualitária a todos e quem tivesse dinheiro compraria os excedentes que quisesse. Lembrou das árvores caindo e do que restava da pobre Floresta Amazônica e prometeu que acabaria totalmente com o desmatamento dali e que encontraria uma forma de fazer isso sem muitos prejuízos às empresas dependentes. Lembrou do analfabetismo e prometeu que iria fazer tudo para eliminá-lo de verdade.
     — Dona Suzana! Dona Suzana? - chamava um homem.
     — Oi! Desculpe-me. Já está tudo pronto? "Okay"! - respondeu Suzana e foi receber a possa da Presidência da República.
     Suzana atuou em seu governo como presidente do Brasil e ajudou o país a subir suas condições durante quatro anos, mas ao final de 2048, Suzana volta a pensar consigo mesma: "Como é triste! Cresci com esse desejo ardente, uma chama que só crescia, mas enquanto atuava na presidência fui percebendo que há um sistema incorporado tão sujo e enraizado que impossibilita muito coisae a minha chama foi cada vez mais abafada. Na metade no terceiro ano não havia mais chama a eles, os corruptos, já planejavam o próximo o próximo fantoche pra comandar o país..."